No quinto episódio do Mesa de Produto, primeiro programa do PM3 Talks – podcast da PM3 – Marcell Almeida (CEO e cofundador da PM3) levanta uma discussão sobre a metodologia dos OKRs e se ela realmente ainda faz sentido.
Para essa conversa, os convidados são Raphael Farinazzo (Head of Product na unico IDtech), Guilherme Campbell (Product Lead no Nubank) e Priscila Lugão (Coordenadora de Produto da PM3). Quer saber o que rolou?
Selecionamos neste post alguns trechos da conversa, mas você pode ouvir o episódio completo pelo player a seguir:
Afinal, a metodologia OKR não é tão boa ou as pessoas que estão errando?
De acordo com Raphael Farinazzo, o sucesso de toda e qualquer metodologia depende muito de como as pessoas fazem uso dela. Sendo assim, não faz sentido querer forçar coisas que não cabem naquela situação, pois os resultados não vão corresponder às expectativas.
“A metodologia em si tem limites, como todas. A questão é você reconhecer os limites dela”
– Raphael Farinazzo
Guilherme complementa, comentando que, além do papel das pessoas que aplicam a metodologia, há também a necessidade de entender que não existe uma única ferramenta que pode ajudar no planejamento estratégico. Ou seja, nem sempre recorrer aos OKRs vai ser a decisão mais assertiva.
“As pessoas pensam ‘ah vou implementar OKR então não preciso fazer mais nada’. Se você olhar para empresas que fazem planejamento há muitos anos, elas não usam somente um método, um framework para planejamento, são vários planejamentos com intuitos diferentes, que se completam para guiar a empresa.”
– Guilherme
Priscila Lugão conclui que a dificuldade está tanto no processo, quanto nas pessoas. Existe uma pressão em torno da aplicação de OKR como uma metodologia que vai fazer tudo dar certo, mas a verdade é que esse modelo não serve para todo tipo de empresa, time ou produto.
De onde vem a necessidade de implementar OKRs?
Marcell comenta que a sugestão de implementar OKRs geralmente parte das lideranças, por ser uma metodologia que propõe mais transparência sobre a evolução dos times e talvez até um certo controle sobre eles.
Guilherme, por outro lado, aponta que muitas empresas recorrem à ferramenta porque não têm um planejamento estratégico e a própria pessoa de Produto se sente perdida, trazendo OKRs como solução. Ele comenta, inclusive, que esse pode ser o início dos problemas, por conta do resto do time não conhecer a metodologia e acabar implementando-a de forma equivocada.
No caso de um produto novo, OKRs funcionam?
No processo de desenvolvimento de um novo produto tudo ainda é muito indefinido (proposta de valor, métricas e, claro, os objetivos). Porém, quando a empresa já tem a cultura voltada para OKRs e não há ainda esse ponto de partida, como proceder?
Segundo Guilherme, OKRs atendem a 2 objetivos: planejamento estratégico e accountability. No caso de produtos novos, entende-se que o planejamento estratégico já está traçado e a metodologia vai auxiliar na escolha de entregas nas quais o time deve focar (um Discovery ou um MVP, por exemplo).
Farinazzo destaca que o problema começa quando estabelecem que a empresa toda precisa utilizar OKRs. Na visão dele, existem muitas áreas para as quais não faz sentido, como um setor focado em pesquisa de mercado, por exemplo. O planejamento trimestral pode não ser aplicável, caso 3 meses não sejam suficientes para fazer uma entrega – e não faz sentido estabelecer uma entrega que não pode ser cumprida por conta da complexidade do processo.
Por que a virada de ciclo é tão conturbada?
Muito do estresse que os times enfrentam em período de virada de quarter se dá justamente pela forma errada que OKRs são vistos. Como Marcell comenta, existe uma pressão para que novos objetivos sejam definidos, muitas vezes quando o objetivo anterior não foi alcançado – o que é muito comum em diversos casos. Porém, a pressão por entregar resultados acaba gerando o caos.
“Acho que vale a máxima do Steve Jobs de contratar as pessoas certas e deixá-las fazerem o trabalho. Obviamente você não vai conseguir contratar só pessoas geniais então um pouco de controle é normal, só não acho que OKRs é necessariamente a melhor forma de fazer isso.”
– Guilherme
Como aponta Farinazzo, a adoção da metodologia OKR tem todo o benefício estratégico de alinhar as entregas e objetivos da empresa dentro de um mesmo período. Por outro lado, esse também é um lado negativo, pois as iniciativas acabam sendo moldadas para caber nele.
“Se essa for a única ferramenta de planejamento da empresa, você vai estar sempre planejando a curto prazo. Isso pode não incentivar alguém que não conseguiu mostrar resultado em 3 meses, mas que vai ter um impacto dali a 2 anos.”
– Raphael Farinazzo
Como equilibrar inovação e entregas de médio e longo prazo?
Pensando no desafio de manter o alinhamento e a transparência sem criar uma barreira para a criatividade dos times, Priscila Lugão questiona qual seria a melhor forma de uma liderança de Produto lidar com esse dilema em relação aos OKRs.
Para esse desafio, Guilherme sugere estabelecer ciclos diferentes para cada time de Produto, garantindo que esses ciclos se alinhem em algum momento, se encontrando em um ponto comum.
Assista ao episódio completo
E você, o que acha de OKRs? Para conferir todos os comentários de forma muito mais aprofundada, você também pode assistir o vídeo com a conversa na íntegra. Basta dar play no vídeo:
Minutagem com o conteúdo do vídeo para facilitar sua vida 😉
- 00:00 – Introdução
- 01:38 – A metodologia de OKR que não é tão boa ou as pessoas que usam OKRs de maneira incorreta, onde está o problema?
- 06:33 – Para que serve um OKR? Qual é a resposta bonita e qual é a resposta na verdade?
- 10:02 – OKRs funcionam para todas as áreas de uma empresa?
- 12:09 – OKRs são para medir o meu trabalho? Tem problema usar o mesmo KR em quarters diferentes?
- 14:18 – Como seria um fluxo contínuo em uma empresa que não usa OKRs?
- 16:21 – Como equilibrar as entregas de médio e longo prazo? 19:05 – Não faz sentido trazer OKRs em algumas situações
- 21:11 – Experiência com uma única pessoa do time responsável por um KR, como é citado no livro Measure What Matters do John Doerr: Alguém já teve?
- 25:33 – Conflito de OKRs separadas dentro da empresa
- 27:09 – OKRs compartilhados: insights e como deveria ser o alinhamento da liderança
- 30:33 – OKRs no Nubank: como funciona?
- 34:50 – Árvore de métricas: experiências, o que deu certo e o que deu errado
- 39:33 – Dificuldades no uso de métricas
- 44:57 – O que devemos fazer com OKRs?
Links úteis deste episódio sobre OKRs
- Marcell Almeida (CEO da PM3)
- Priscilla Lugão (Coordenadora de Produto na PM3)
- Guilherme Campbell (Líder de Produto na Nubank)
- Raphael Farinazzo (Head de Produto na unico)
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