Design Sprint: o que é, benefícios, etapas e como se preparar 
Victoria Carneiro

Victoria Carneiro

11 minutos de leitura

Design Sprint é uma metodologia criada pelo Google Ventures, com foco na resolução de problemas e na testagem de ideias. Tudo em um processo intensivo de cinco dias.

O método tem sido cada vez mais aplicado nas empresas. Afinal, é uma maneira rápida, econômica e eficiente de testar e validar ideias de produtos ou serviços, antes de realmente investir nelas.

Neste artigo, conheça o processo de Design Sprint proposto pelo Google, seus benefícios, etapas e muitas outras informações sobre essa metodologia.

O que é Design Sprint?

A metodologia de Design Sprint consiste em um ciclo intenso de trabalho de uma equipe multidisciplinar. Ela atua de maneira estruturada para resolver problemas e validar ideias de forma rápida e eficiente.

A ideia é formar um circuito de trabalho, em que, em apenas cinco dias, consiga-se criar um protótipo de produto. Nesse tempo, também é preciso testá-lo, aprender com a experiência e decidir se é uma ideia é válida e merece ser levada adiante.

O Design Sprint foi criado pelo designer Jake Knapp. Utiliza uma junção de conceitos como Design Thinking, negócios, inovação, pesquisa de usuários, entre outros, para validar ideias com eficiência e rapidez.

Nesse processo, cada dia de Sprint representa uma etapa:

  1. entender;
  2. esboçar;
  3. decidir;
  4. prototipar;
  5. testar.

No final, levará ao produto que será testado pelos usuários. A partir disso, pode-se extrair insights sobre a solução e tomar decisões informadas sobre investir ou não na ideia.

Frequentemente, utiliza-se essa metodologia em startups ou em projetos internos de uma empresa, como na criação de um novo produto ou funcionalidade.

Quais são os benefícios do Design Sprint?

O Design Sprint é uma metodologia inovadora que oferece inúmeros benefícios aos negócios. Inicialmente usada em startups, ela pode ser adaptada a diferentes tipos de empresas e personalizada para as necessidades de cada time.

O Design Sprint promove benefícios como: 

  • redução dos custos de desenvolvimento e dos riscos de investimento no processo de criação de soluções;
  • diminuição do tempo e dos ciclos de desenvolvimento de produtos, tornando-os mais ágeis e eficientes;
  • aumento no alinhamento entre equipe e stakeholders;
  • estímulo à criatividade e à inovação;
  • possibilidade de obter feedback imediato etc.

Quais são as etapas de Design Sprint?

Divide-se as etapas de Design Sprint em:

  • entender;
  • esboçar;
  • decidir;
  • prototipar;
  • testar.

Nesse processo, busca-se:

  • entender e mapear problemas;
  • criar esboços de possíveis soluções;
  • decidir de maneira eficaz quais são as mais viáveis;
  • criar protótipos;
  • testá-los com usuários reais para validar a efetividade da ideia.

Confira detalhes sobre cada etapa do processo.

Entender

No primeiro dia da Sprint, foca-se em reunir e alinhar a equipe. Vamos entender e mapear o problema que será resolvido, e definir o objetivo principal da Sprint.

Esse processo começa com um alinhamento inicial das funções. Apresentamos o time (caso não se conheçam ainda) e definimos o facilitador e o decisor dentro do processo. 

De acordo com os próprios criadores da metodologia, também no primeiro dia, define-se um objetivo de longo prazo para o projeto. Em seguida, é feito um levantamento de pontos críticos que poderiam impactar o alcance desse objetivo.

Fazer essas perguntas é crucial para explorar o problema e começar a desenhar o mapa da Sprint com fatores-chave desse processo. Por isso, é essencial investir tempo para investigar bem os possíveis problemas que podem aparecer ao longo do caminho.

Em seguida, analisa-se as informações relevantes para o desenvolvimento da ideia. A discussão envolve os especialistas presentes e se baseia em dados existentes para entender ao máximo o problema em questão. 

Com essas informações, sugere-se a identificação de oportunidades a partir dos problemas encontrados. O objetivo é selecionar hipóteses para resolvê-lo. A equipe votará nas opções que fazem mais sentido e o decisor tomará a decisão sobre o objetivo ao final do primeiro dia da Sprint.

Esboçar

O segundo dia de Design Sprint tem como foco a exploração de ideias e a criação de esboços do produto. Diferentemente das reuniões de brainstorming, em que todos participam jogando ideias na roda, agora, realiza-se os esboços individualmente.

Mais adiante, quando compartilhados com o grupo, obtêm-se um grande conjunto de ideias e soluções conflitantes. Elas cobrem todos os caminhos possíveis para a resolução do problema.

Ao final, a equipe precisa ter definido as melhores ideias, que será finalmente decidida no terceiro dia de Sprint. Utiliza-se recursos como post-its, esboços na lousa, ferramenta Crazy 8s, entre outros, para tornar o processo mais eficaz e expor as ideias com clareza.

Além disso, neste dia, também começa-se a buscar e recrutar os usuários que vão testar a solução na sexta-feira.

Decidir

Com os diversos esboços criados no dia anterior, o terceiro dia de Sprint é focado em tomar uma decisão. Escolhemos a ideia que tem mais chances de resolver o problema estabelecido. 

Esse processo pode parecer desafiador, já que podem surgir muitas ideias boas e válidas. Por isso, o decisor exercerá um papel fundamental ao final desse dia. 

Agora, algumas ferramentas muito úteis como “Sticky Decision”, “Rumble or all-in-one” e a criação de Storyboards são essenciais. Elas ajudam a filtrar as melhores ideias e tomar a decisão sobre que protótipo a criar.

Prototipar

Ao final do terceiro dia, a equipe termina a Sprint com um ou mais Storyboards que virarão o(s) protótipo(s) da solução. A ideia aqui não é sair com um produto totalmente funcional e pronto para lançamento. Até porque seria inviável diante do tempo disponível. 

Assim, o objetivo é criar um modelo que represente a ideia da melhor forma possível. Também, que possa ser testado pelos usuários finais no último dia da Sprint. 

Para isso, a equipe utiliza o Storyboard criado no dia anterior para a prototipação. O facilitador pode designar tarefas para cada membro, otimizando o tempo de produção. Nesse processo, utiliza-se ferramentas de prototipagem eficientes e que garantam o resultado ao final do dia. 

Além disso, é o momento adequado para o entrevistador que aplicará os testes com usuários criar um roteiro ou um guia para o dia seguinte. Poderá enviar lembretes aos usuários que participarão do teste.

Testar

No último dia do Design Sprint, chegou o momento de testar o protótipo criado na quinta-feira com o público-alvo definido no primeiro dia da Sprint. As perguntas levantadas finalmente receberão uma resposta real e que pode ser mensurada, a partir do feedback do público.

O entrevistador fará a entrevista e mostrará o protótipo ao usuário, que usará a solução. Enquanto isso, o restante do time acompanhará a entrevista e a interação do usuário com o produto, tomando notas em tempo real sobre suas percepções.

Ao final do processo, pode-se avaliar se:

  • as respostas foram respondidas;
  • a ideia é válida;
  • há necessidade de refiná-la e iterá-la;
  • uma nova Sprint se faz necessária.

Se a ideia precisa ser refinada em uma nova Sprint, agora, a equipe já aprendeu com a experiência. Então, poderá recomeçar o ciclo com a vantagem de já ter informações relevantes sobre o problema.

Como se preparar para um Design Sprint?

Um Design Sprint efetivo requer certa preparação, como uma equipe multidisciplinar adequada, um ambiente propício para as reuniões do grupo e ferramentas e recursos que apoiem o processo.

Geralmente, uma equipe de Design Sprint conta com figuras como:

  • designer;
  • desenvolvedor;
  • especialistas internos ou externos;
  • product manager;
  • Sprint Master/facilitador;
  • product owner/decisor;
  • analista de marketing.

Nesse processo, toda a equipe envolvida deve liberar suas agendas para a semana do Sprint, evitando outros compromissos. O grupo também precisa se reunir em um espaço privado e longe de distrações, garantindo o foco e a concentração total durante o ciclo de trabalho.

Ferramentas e recursos para o processo

Quanto às ferramentas e recursos utilizados, já mencionamos alguns ao longo deste artigo. Contudo, é essencial preparar o ambiente de reuniões com os materiais adequados para garantir a fluidez do processo. 

Alguns comumente usados nos ciclos de Design Sprint são: 

  • quadros e lousas;
  • cronômetros;
  • papeis e post-its;
  • materiais de desenho, como canetas, adesivos e marcadores;
  • câmeras para documentar o processo (se necessário);
  • softwares e ferramentas como Miro, Mural, Sketch, Figma para ajudar nos esboços e na criação de protótipos etc.

Desafios comuns e como superá-los

Durante os ciclos de Design Sprint, é comum encontrar alguns desafios no processo, como:

  • falta de foco da equipe;
  • dificuldade na tomada de decisões;
  • problemas de gestão do tempo;
  • problemas técnicos, entre outros.

Veja como superar esses desafios!

Falta de foco da equipe

Com ideias divergentes e muitos estímulos, pode ser desafiador manter o foco no processo. A figura do facilitador na Sprint é essencial para mitigar esse problema

Esse profissional será responsável por mediar os conflitos, transmitir as ideias com clareza, garantir a comunicação efetiva entre a equipe e ajudar o time a manter o foco.

Dificuldade na tomada de decisões

Em um Design Sprint, tomar decisões pode ser desafiador, já que muitas ideias boas podem surgir. Isso faz com que o time perca um tempo precioso dentro de um timebox restrito.

Para resolver isso, ter um decisor dentro da equipe, capaz de pensar criticamente e tomar decisões assertivas, é essencial para garantir o fluxo de trabalho.

Gestão do tempo ineficiente

Saber priorizar e fazer o melhor uso do tempo, muitas vezes, é complicado dentro de uma Sprint. Portanto, vale usar recursos como cronômetros ou até mesmo a figura do facilitador para gerir melhor o tempo.

Problemas técnicos

Falta de materiais ou problemas técnicos, com ferramentas e softwares, também pode acontecer em um Design Sprint. Assim, é importante ter sempre um plano B para lidar com eventuais situações e garantir que o ciclo de trabalho continue sem interferências.

Melhores práticas e dicas para potencializar um Design Sprint

Veja algumas dicas úteis para exercer boas práticas para maximizar os resultados em um Design Sprint.

Mensure os resultados do Design Sprint

Estabelecer métricas e KPIs para o Design Sprint é uma boa prática indispensável para mensurar os resultados dos esforços investidos. Também ajuda a avaliar o processo como um todo.

Então, antes mesmo de começar a Sprint, defina métricas, marcadores de desempenho, objetivos e metas a serem alcançados com o processo. Ao final, avalie esses resultados e veja como melhorá-lo para os próximos ciclos. 

Por exemplo, você pode definir métricas e indicadores, como:

  • nível de satisfação dos usuários; 
  • qualidade do feedback dos usuários;
  • nível de engajamento e alinhamento da equipe;
  • qualidade do protótipo;
  • gestão de tempo e recursos.

Crie um planejamento adequado

O planejamento pré-sprint é muito importante para que o processo seja bem-sucedido e o tempo e recursos investidos tenham valido a pena. 

Para isso, escolha e prepare bem a equipe que participará do ciclo de trabalho. Garanta que todos os participantes estejam alinhados quanto aos objetivos do processo.

Incentive a criatividade

Esse é um processo criativo intenso e colaborativo. Por isso, incentivar a criatividade é essencial para maximizar os resultados.

Encoraje o compartilhamento de ideias e promova um ambiente de abertura para resolver as divergências que podem surgir no processo. Essa é uma forma de aumentar a colaboração e gerar ideias cada vez melhores. 

O Design Sprint é uma metodologia inovadora para validar ideias de maneira rápida e eficaz. Agora você já sabe como funciona esse processo estruturado e como aplicá-lo em um negócio. Então, poderá desfrutar dos benefícios dessa metodologia.

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