Double Diamond: o que é e como usar na prática
Priscilla Lugão

Priscilla Lugão

Coordenadora de Produto da PM3

15 minutos de leitura

10 Perguntas e respostas em entrevistas para Analista de Dados

Se você trabalha com Design ou Produto provavelmente já ouviu falar, ou até já aplicou, a metodologia Double Diamond (ou Duplo Diamante). E se você, assim como eu, já teve dúvidas sobre por onde começar e quais ferramentas aplicar em cada etapa desse processo, esse artigo é para você!

O que é Double Diamond?

Antes de começarmos, uma breve aula de história: metodologia foi criada pelo Design Council em 2004 que reuniu e codificou os processos e métodos do Design, deixando de forma visual e compreensiva. Ao desconstruir o processo em torno dos métodos usados em diferentes projetos, começaram a perceber semelhanças e padrões e isso permitiu que eles trabalhassem juntos para mapear um processo de design comum em potencial. Daí surgiu o Double Diamond Design!

“Todo designer tem uma abordagem e maneiras de trabalhar diferentes, mas existem alguns pontos em comum no processo criativo”

– Design Council

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Duplo Diamante e Design Thinking: qual a relação?

O Design Thinking é toda uma abordagem focada em resolver problemas de usuários pensando nas melhores práticas de UX (User Experience). Dentro disso, o Double Diamond é uma ferramenta prática que tangibiliza essa perspectiva, estruturando um processo com elementos e etapas muito claros.

Em outras palavras, o Double Diamond é um processo de design, pensado para obter os melhores resultados em UX.

Como funciona o Double Diamond?

A metodologia de Design Double Diamond (ou DD, para os íntimos) é composto por 4 fases principais:

  1. Descobrir;
  2. Definir;
  3. Desenvolver;
  4. Entregar.
etapas do double diamond

Vamos aprofundar um pouco mais sobre elas já já, mas antes precisamos conversar sobre o processo em si.

É muito importante que eu seja transparente com vocês, o Double Diamond não é uma fórmula mágica, nem uma receita de bolo e as ferramentas não são uma bala de prata que vai resolver todos os seus problemas. Ele é, como já vimos, uma metodologia de Design que ajuda a guiar o processo de desenvolvimento de soluções combinando dois tipos de pensamento, divergente e convergente, ou seja, em cada diamante iniciamos com um pensamento divergente, gerando muitas ideias e possibilidades, para depois aplicarmos o pensamento convergente, reduzindo a quantidade de ideias na mesa e refinando as remanescentes.

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Ah, é importante lembrar que apesar de parecer, ele não é um processo linear. Pode ser que quando você chegue no segundo diamante e descubra furos no conhecimento e entenda que precisa aprofundar mais sua pesquisa, voltando para o primeiro diamante. Ou ainda, pode ser que você descubra problemas adjacentes que não haviam sido mapeados e precisa começar o processo de novo, e tudo bem, não se apegue à ordem dos fatores, eles podem variar de acordo com o andar e necessidade da sua equipe!

Quando utilizar o Duplo Diamante?

Queria te contar também que o Double Diamond é muito mais que apenas um guia de um processo de desenvolvimento de uma solução. Você pode utilizar essa metodologia do Design para alguns outros fins, como:

  • Fazer uma avaliação inicial do projeto e a entender qual é a melhor abordagem para enfrentar um desafio específico;
  • Ajudar a alinhar e concentrar as equipes no início de um projeto;
  • Começar a moldar a estratégia e gestão de um projeto;
  • Acompanhar um projeto em termos de ‘onde estamos no processo’ e ‘quais são os próximos passos’;
  • Deixar as pessoas mais confortáveis para “ir mais longe e sem foco” em ambas as fases divergentes de descoberta e desenvolvimento;
  • Moldar o processo de pesquisa (por exemplo, o relatório de pesquisa de 2007 do Design Council “11 Lessons on Managing Design” foi estruturado em torno do DD).

Ferramentas para usar em cada etapa do Double Diamond

Agora que estamos mais alinhados, vamos às ferramentas por etapa!

1. Descobrir

A primeira fase do primeiro diamante tem o objetivo de ajudar a entender e não apenas assumir o problema que estamos enfrentando. Envolve conhecer o usuário, sua dor, o contexto de uso e as condições atuais das possibilidades que resolvem (ou tentam resolver) esse problema.

Essa etapa é baseada em observação e pesquisa, muita pesquisa! A equipe precisa identificar como os usuários se comportam (e não como dizem que se comportam). Aqui já vão surgir algumas oportunidades, mas calma, vamos guardá-las para depois, não esqueça que esse diamante é de pensamento divergente, ou seja, o foco é gerar ideias, obter informações e não definir nada!

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Para essa etapa você pode usar:

Brainstorming

O brainstorming em Double Diamond é uma excelente prática para levantar ideias, ou seja, funcionando como um ponto de partida para o time. A dinâmica consiste em uma reunião na qual os participantes fazem sugestões apontam possibilidades, exercitando a criatividade.

Essa chuva de ideias pode proporcionar insights riquíssimos, já que pessoas diferentes vão estar contribuindo com suas próprias perspectivas sobre um mesmo problema. Não importa se essas perspectivas vão convergir ou divergir, o essencial é que elas sejam compartilhadas.

Matriz CSD

A Matriz CSD é uma ótima opção para garantir alinhamento da equipe, reúna todos os envolvidos, distribua post-its (ou faça remotamente usando o Miro) e cronometre 5 minutos. Nesse tempo, todos devem escrever individualmente todas suas certezas (conhecido como: afirmações que temos dados suficientes para validar) sobre o desafio, todas as suposições e todas as dúvidas. Ao final, passe por cada post-it e quando possível, sane as dúvidas e já deixe no radar as suposições, elas precisarão ser validadas!

Desk Research

Aqui, o foco é coletar mais informações sobre o desafio levantado. Ótimas fontes de informação são sites de avaliação como Reclame Aqui, fóruns de perguntas, app store (quando é o caso), reclamações de empresas que resolvem o mesmo problema (mesmo que não integralmente) e por aí vai.

Persona

A persona é uma ferramenta já muito conhecida por designers, é um perfil semi-fictício criado para representar os diferentes tipos de usuário a partir dos seus comportamentos, objetivos e dores. É muito eficiente para despertar empatia na equipe e para ajudar a voltar ao foco no usuário quando estivermos no segundo diamante pensando na solução, então o ideal é que você tenha personas prontas já nessa etapa.

Mapa de empatia

Assim como a persona, o mapa de empatia ajuda a despertar empatia sobre o contexto do usuário quando enfrenta esse problema, também funciona para mapear alguns comportamentos, objetivos e até para descobrir outras dores que podem estar relacionadas ao seu desafio.

Entrevistas de profundidade

Quando você já tem usuários é super importante conversar com essas pessoas e entender, da perspectiva delas, o problema. Qual o impacto de resolver o problema para elas? É uma dor latente ou apenas uma oportunidade? Essa pode ser uma chance incrível de explorar o desafio para o usuário e conseguir insights para a solução.

Um dia na vida

O famoso “pega e faz”, o seu desafio é melhorar um processo específico ou uma experiência? Teste-a, passe pelo mesmo processo que o seu usuário passaria, tente reproduzir as dificuldades levantadas, se coloque no lugar dele.

2. Definir

Nessa fase do primeiro diamante vamos olhar para todas as descobertas da fase anterior e definir o nosso problema, nosso desafio principal. Vamos pegar todas as dores e descobertas mapeadas, priorizá-las, entender seu impacto na jornada e então convergir para definir o nosso foco!

O resultado dessa fase é um briefing que deixa claro qual o nosso desafio, nosso usuário, quais dores buscamos resolver e nossa proposta de valor. Aqui temos o divisor de águas, essas informações vão guiar a próxima fase desse processo, que consiste na ideação de soluções.

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Para essa etapa você pode usar:

Jornada do usuário

A jornada do usuário é uma ótima ferramenta para entender como o usuário usa seu produto. Aqui conseguimos mapear o passo a passo de como ele usa (ou usará) e identificar pontos de atenção, inconsistência na jornada, onde ele percebe a proposta de valor e até aprofundar para como a empresa conseguirá colocar esse produto para funcionar.

Diagrama de afinidade

Nada mais do que reunir ideias de um mesmo tipo para facilitar na visualização dos resultados. Pegue todos os post-its (mesmo que virtuais) gerados pela equipe e separe por semelhança. Tem algum que apareceu muito mais que outros?

Jobs to be done (JTDB)

Jobs to be done é uma ótima forma de analisar o contexto e o por quê os consumidores compram algum produto ou tem determinado comportamento. Parte do princípio de que não adianta perguntar às pessoas o que elas querem, já que elas responderão de acordo com o que o mercado já oferece!

Opportunity Gaps

Método usado normalmente junto aos Jobs to be done, aqui queremos entender quais são as maiores oportunidades de negócio a partir dos JTBD mapeados, entenda como fizemos um processo desse, em detalhes, aqui na PM3 clicando aqui.

3. Desenvolver

Entramos no segundo diamante! Sua primeira fase nos incentiva a buscar possibilidades e respostas para o desafio definido na última etapa, é importante buscar inspiração em outras soluções e mercados e não se ater a limites e julgamentos. Aqui é imprescindível que haja troca de conhecimento entre as pessoas da equipe, afinal, duas (ou mais cabeças) pensam melhor do que uma.

Nem todos os times fazem isso, mas recomendo que ao final dessa fase as ideias passem por uma primeira triagem ou que as ideias semelhantes sejam agrupadas para preparar o terreno para a última etapa do DD.

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Para essa etapa você pode usar:

How might we

É uma ótima dinâmica de Design Thinking para fazer com a equipe. Reúna todos, deixe disponível todos os dados reunidos no último diamante e encarem o problema de forma diferente, em vez de já pular para solução pensem sempre “Como podemos” [melhorar a experiência de pagamento, por exemplo], esse exercício de escrita dos pontos específicos que precisamos resolver ajuda demais a clarear as ideias e priorizar.

Opportunity Solution Tree (Árvore de oportunidades)

O framework de Opportunity Solution Tree ajuda os times a lembrarem de onde precisam chegar. Ela ajuda a alinhar a equipe como um todo sobre o objetivo e o que pode ser feito para chegarmos ao resultado esperado! Nela temos de forma visual e clara o resultado que queremos atingir, as oportunidades mapeadas, as possíveis soluções e como testaremos cada uma delas!

Benchmark

Se você como consumidor compara produtos e empresas na hora de fazer uma compra, por que não faria isso na hora de desenvolver um também? Busque referências nacionais, gringas e de mercados adjacentes ao seu, explore como seus concorrentes resolvem a dor e fique atento às tendências e movimentações do mercado.

Buy a feature

Um framework de priorização para quando você tem uma longa “lista de desejos” e não tem tempo ou recursos suficientes. Aqui, a ideia é fazer uma lista com as features e atribuir um preço fictício a cada uma delas, depois, reúna sua equipe e dê a cada um deles um orçamento de quanto eles podem gastar e mande-os às compras. Eles podem colocar todo seu orçamento em uma única feature ou distribuir em várias, a intenção aqui é que a equipe discuta e negocie a partir da visão da empresa e necessidades do produto. Saiba mais aqui.

Product Tree

Uma ferramenta que torna a gestão de produto visual, ajuda a organizar, priorizar e alinhar a equipe e stakeholders sobre o objetivo e próximos passos do produto. Saiba mais aqui.

4. Entregar

Na última (e não menos importante) fase vamos nos concentrar em testar e validar. Vamos pegar os grupos de ideias que separamos na última etapa e fazer uma triagem, entender o que está em linha com a visão do negócio e seguir para testes e validações. Se mesmo após uma triagem e conversa com a equipe você ainda tiver muitas soluções para serem testadas, priorize, entenda qual é a complexidade delas, o impacto, se resolvem o desafio por completo, ou se deixam gaps. Aqui recomendo a metodologia RICE (reach, impact, certain, effort) para priorizar as soluções a serem testadas e validadas.

Logo no início desse processo avaliaremos a viabilidade das ideias, o que de fato conseguimos fazer com os recursos que a empresa dispõe? Serão necessários mais recursos? A empresa tem algum tipo de orçamento já alocado para o desenvolvimento dessa solução? Quais os riscos das possibilidades levantadas? A solução precisa ser refinada e aprofundada antes de ser testada?

Ao começar os testes algumas soluções serão descartadas e algumas precisarão de iterações, tome cuidado para não insistir demais em uma ideia que não tem futuro e para não descartar cedo demais uma ideia só porque não deu certo no primeiro teste!

Ao final dessa etapa você e sua equipe terão protótipos ou pilotos validados das soluções.

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Para essa etapa você pode usar:

MVP

Aqui temos várias possibilidades! Você pode fazer um MVP Mágico de Oz (em que fazemos manualmente no backstage o que o cliente acredita ser automatizado, para entender a linha de raciocínio do usuário, obter insights e iterar rapidamente), cortina de fumaça (testar interesse dos consumidores por um produto ou feature) e concierge (atender as necessidades do seu usuário de forma próxima e personalizada), o melhor MVP vai depender do que sua equipe quer validar para seguir para a próxima etapa.

Protótipo em baixa/alta fidelidade

Para testar você não precisa ter o produto 100% pronto, explore começar com wireframes desenhados em papel, valide o que conseguir, itere e vá aumentando o grau de complexidade e fidelidade do seu protótipo a medidas que os pontos são validados.

Vídeo

Você também pode recorrer ao vídeo para mostrar e testar o interesse do usuário. Pode ser uma animação demonstrativa do funcionamento da solução ou encenações que demonstrem como usar o produto, por exemplo.

Protótipo de serviço

Demonstramos as principais interações ao longo do ciclo do serviço pela jornada do usuário, podemos usar tanto a ferramenta de Jornada que mapeia também as emoções do usuário por etapa, como o Blueprint Map, que mapeia as ações de suporte e backstage do serviço e não foca apenas em como a pessoa interage com o serviço, mas também em como a empresa operacionaliza.

Ufa! É muita ferramenta! E agora você tem um cinto de utilidades para aplicar com a sua equipe quando começarem um novo desafio! 

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