A quarentena pegou todo mundo de surpresa logo no começo do ano. As equipes precisaram se adaptar para manter as tarefas em dia e continuar com todas as atividades.
Empresas que não tinham o costume do home office conseguiram se adaptar rapidamente e as que já estavam acostumadas com esta rotina, melhoraram ainda mais as suas ferramentas e técnicas para o trabalho remoto. A gente conseguiu se adaptar bem!
Izabela Escanhoela, instrutora da PM3 do Curso de Product Discovery, passou dicas e algumas ferramentas fundamentais para times de produto fazerem a etapa de Discovery remotamente, durante o Pré-Product Stars Online, da Product Camp, este ano. Vamos a elas!
Comunicação remota
A comunicação no processo de Discovery funciona muito bem remotamente, de forma assíncrona e síncrona.
É importante que, no momento de imersão, todos estejam na mesma página, no mesmo momento, usando ferramentas colaborativas, como exemplo do Miro.
Para uma comunicação assíncrona (rodar uma pesquisa, por exemplo) é necessário que todos sigam um calendário, usem uma ferramenta de agendamento online (como o Calendly). Mesmo que os envolvidos acompanhem as entrevistas, é ideal que todos estejam cientes do que vai acontecer. O Calendly é uma ferramenta bacana para agendar as entrevistas, tanto para quem vai participar ativamente (entrevistado e entrevistador), quanto para quem vai acompanhar o processo.
Existe o momento da definição, numa comunicação síncrona, mas a estruturação pode ser feita de maneira assíncrona, por meio de um mural (uma boa ferramenta é o Mural).
A over communication, pode não ser uma aliada tão bacana quando falamos de trabalho remoto. Pode ser útil em alguns momentos específicos, mas ter muitas fontes, muitos canais de comunicação pode descentralizar a informação e gerar o efeito contrário do esperado. É bom combinar com o time um horário para estar online e centralizar a comunicação em um único canal (como, por exemplo, o Slack, que pode gerar alertas e possui recursos de comunicação instantânea).
É importante que a comunicação aconteça com frequência, mas é legal consolidar as informações antes de compartilhar com o time. Uma boa forma de fazer isso é criar templates. Desta forma, todos se mantêm alinhados, usam uma mesma comunicação, criando um storytelling parecido. Isso facilita bastante.
Miro
Achamos que vale a pena dar um destaque para o Miro neste processo, pois ele, sem dúvidas, é uma das melhores ferramentas para brainstormings e Discovery remotos.
Esta é uma ferramenta ideal para modelos de facilitação visual, utilizando de templates como quadros Kanban, Retrospectivas, mapas mentais e também te deixa criar quadros do zero, de acordo com suas necessidades.
Você pode usar a versão grátis, que já ajuda bastante por ser bem completa:
Você também pode compartilhar seu board com outros usuários e montar o seu Discovery juntos, ao mesmo tempo, de maneira colaborativa.
Kick-off remoto
Tentar começar o Kick-off diretamente pelo Miro, não deu muito certo, na opinião da Izabela. A reunião pode perder um pouco o foco e as informações podem ficar um pouco soltas se não tiver uma preparação, pois são muitas ideias e muitas discussões. Tudo ao mesmo tempo, sem preparativos, não funcionou.
Para alinhamentos iniciais, recomenda-se criar algumas estruturas, como typeforms, no Survey Monkey e alguns formulários prévios de alinhamento (visão estratégica e visão de produto). Estes formulários são distribuídos para quem vai participar da reunião e são importantes para entender o quanto as pessoas têm familiaridade com as ferramentas que vão ser utilizadas durante o trabalho remoto e, como outra parte do plano, visam entender qual e o entendimento das pessoas sobre o negócio, produto e pontos que serão discutidos durante o encontro. Ou seja, um “raio-X” prévio para começar os trabalhos.
O processo de Discovery
Para começar a realizar o Discovery é necessário ter um foco, saber por onde começar, qual é a visão estratégica, o que precisa ser descoberto. Ter esta visão pode ser um diferencial do kick-off online, pois, desta forma, há uma maior necessidade de preparação e, com isso, todos os participantes já chegam à call super inteirados do que deve ser falado.
Para saber o que deve ser explorado, é preciso ter um gatilho. Dentro de um universo gigante da jornada, qual é o ponto principal que será descoberto? É necessário ter um norte e, sempre que possível, alguma métrica de partida. Em Discoveries exploratórios, algumas vezes, não há uma métrica como ponto de partida, mas uma descoberta de negócio, a partir de um tema, para ser realizada.
É importante mostrar o progresso do Discovery para os stakeholders. Isso é essencial para manter o trabalho transparente e ganhar a confiança dos envolvidos no produto.
Pesquisa com usuários
Criar um research plan bem estruturado, com o foco claro, alinhado com os stakeholders, os motivos para fazer a pesquisa, os indícios que já existem, os impactos esperados e como ela vai ser feita, tudo isso bem documentado e bem comunicado para os envolvidos já enriquece o processo e alinha as expectativas.
Há um grande impacto quando os stakeholders vivenciam a descoberta e podem observar junto com a equipe. A percepção que eles têm, ao participar do processo, é melhor e contextualizada. É muito mais interessante participar do que ouvir ou ler os resultados da pesquisa depois, sem esta vivência.
Mas lembre-se: é necessário contextualizar o stakeholder sobre o perfil do usuário que está sendo entrevistado, evitando opiniões enviesadas ou mal interpretadas.
Priorização
Esta parte do processo precisa da participação ativa dos PMs. Fazer experimentos rápidos já ajudam a entender qual é o item que tem maior impacto sobre o negócio e deve ser colocado no topo da priorização.
Dentro do próprio processo de Discovery, novas ideias vão surgindo e, mesmo assim, é importante validá-las a fim de encontrar qual é a sua prioridade.
Ferramentas como o Slack, para discutir a demanda, o typeforms do Survey Monkey para que todos estejam alinhados, e o Miro para a descoberta, em si, são super úteis para o Discovery remoto.
Lembrando que também pode existir a “re-priorização”, portanto, é sempre importante ter a mente aberta para o momento do mercado e o que, de fato, gera valor para o usuário e para o cliente. A Izabela deu um exemplo bem pertinente para o período que estamos vivendo: “Em alguns momentos, acredito que muitos segmentos já tinham todo um Discovery previsto, só que o contexto mudou totalmente. Eu passei por um exemplo clássico disso, e real, de começar a estruturar algumas pesquisas, pro segmento de turismo – imagina só: segmento de turismo e empresas que oferecem serviços e pacotes de turismo… é um grande segmento – e foi bem quando estava começando toda a quarentena. Só que estava tudo pronto. E ninguém vai viajar. – Então, faz sentido fazer este Discovery? (…) Se esta pesquisa não faz mais sentido, qual outro olhar a gente precisa ter? Então acredito muito na re-priorização”, uma vez que as pessoas entenderam que não faz mais sentido seguir por este caminho, será que existe uma outra vertente, dentro deste contexto que ainda vale a pena explorar?”
O Arbnb, por exemplo, fez uma revisão de estratégia a longo prazo. Revisitaram todo o planejamento para encontrar outra forma de continuar no mercado e quais usuários, novas formas de comportamento eles podem explorar. Uma reformulação quase que completa do Discovery.
Como engajar os usuários remotamente
Normalmente já é difícil fazer pesquisa com usuários em cenários mais comuns. O período que estamos vivendo pediu algumas mudanças neste sentido e tornou o processo ainda mais complicado.
Em alguns tipos de pesquisa, dependendo do produto, o método remoto já era utilizado. Mas, em alguns casos, a pesquisa presencial era ideal. Como fazer a adaptação nestas situações?
Criar laboratórios virtuais, por exemplo, pode ser uma boa ideia para fazer pesquisas, usar ferramentas nas quais é possível compartilhar tela são essenciais num processo como este.
Além disso, oferecer algum voucher ou serviço online para o entrevistado, pela participação da pesquisa, também ajuda muito a manter o usuário engajado e ativo durante o processo.
O tempo de pesquisa também pode ser mais curto. As pessoas costumam perder o foco facilmente durante uma pesquisa online, portanto, se puder diminuir o tempo de entrevista, mais focado o usuário estará.
É importante avaliar se realmente é importante rodar uma pesquisa durante a quarentena. Pode ter algum viés inconsciente por trás da resposta do usuário devido ao momento que estamos vivendo.
Estamos todos num momento de descoberta. É muito difícil termos resposta como teríamos em períodos anteriores à crise. Por isso, tente revisitar sua descoberta e entender o melhor momento e necessidade para entrevistas.
Você pode conferir a palestra completa com a Izabela aqui:
Agora que você já sabe alguns macetes para criar o seu Discovery remoto, que tal se tornar um especialista no assunto?
Que tal um pouco de Product Discovery na prática?
Assista a live da Iris Sayuri, Product Manager da Easynvest sobre como começar a aplicar o Discovery na prática para saber mais sobre isso. Ela mostra como eles desenvolvem um Product Discovery com qualidade na Easynvest, uma das maiores corretoras do país e a primeira que se lançou na corrida online no segmento. Assista agora!
Aula gratuita – O que é um teste de usabilidade?
Você sempre quis saber como são nossas aulas na prática? Com esta aula gratuita do nosso Curso de Product Discovery, você vai aprender os conceitos fundamentais de usabilidade e como analisá-la em seu Produto segundo as avaliações heurísticas (técnicas) e testes de usabilidade. Assista agora essa super aula da Elisa Volpato!
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