Como liderar times de produto no novo cenário de tecnologia - Cursos PM3
Mari Cavalcante

Mari Cavalcante

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A Product & Design Director, Fernanda Faria, da Ambev, começou a palestra mandando a real: foi um ano difícil na área de tecnologia. E emenda apontando um norte: “Saímos como profissionais mais maduros e amadurecemos a jornada de produto”, avalia. 

E isso vai nos levar a um novo cenário de tecnologia que tem evoluído cada vez mais rápido e onde temos que fazer mais com menos.  “O Chat GPT mudou de forma insana, e muda, a forma como vemos o mundo e interagimos”, exemplifica. 

E em um mundo em que a inteligência artificial nos dá respostas prontas, como fica a atuação dos líderes de produto?

Mesmo com os avanços, existem três pontos para os quais nunca devemos deixar de olhar: pessoas – processos – produtos. Para falar sobre o tema, Fernanda contou sobre o desafio de repaginar o aplicativo do Zé Delivery. 

Fernanda então decidiu, em um primeiro momento, focar no nível de maturidade do time, tanto para a área de Produto quanto para a de Design (este inspirado no modelo do InVision). E foi possível olhar para os skills técnicos que precisava nos times, medir o desempenho da equipe, descobrir aquilo em que as pessoas são boas e no que não são. 

“Focamos em entender o porquê do negócio, o porquê da margem do Zé Delivery. Aonde a gente quer ganhar dinheiro, aonde a gente pode dinheiro. Pra na hora que você pensar em uma solução para o consumidor, você não fazer algo que vai quebrar a empresa”, conta. 

E mais: entender a estratégia, as decisões a serem tomadas e ter o contexto dos por quês, além de saber ler os resultados. Ufa! Parece muita coisa, mas Fernanda nos lembra que “tá tudo bem não ser bom em tudo. Eu tenho que ser bom em algumas coisas, e focar”.

Ainda segundo Fernanda, isso prepara o líder para quando  surgir um momento em que os recursos são reduzidos, ele saiba fazer escolhas. “E a estratégia é escolher o que você vai sacrificar”, diz. 

Pessoas

Depois foi a vez de olhar a liderança e traçar o perfil dos profissionais. Fernanda conta que o Zé Delivery investiu muito tempo em desenvolver a liderança. Afinal, são os líderes que fazem toda a gestão do time, pontua. “Os líderes impactam a vida das pessoas”, reforça.

Para exemplificar o perfil que buscavam no Zé, Fernanda citou o livro Garra, de Angela Duckworth, que fala sobre a paixão e perseverança em atingir objetivos, mesmo com os perrengues no meio do caminho. Essa é a definição de garra, que não tem a ver com talento, mas com esforço, de acordo com a autora. 

“Se você coloca esforço sobre aquilo que está fazendo, o resultado vem”, afirma a diretora. 

Além de garra, Fernanda buscava por lideranças apaixonadas pelo produto, por vender cerveja, por diversão e conectadas com o mundo do Zé, que se importam em entregar o melhor produto. 

O desenvolvimento dos líderes ainda envolveu:

-Financial Acumen: promovendo conversas de líderes para líderes 

-Marketing for Growth
-Consumer & Data

Processos

Aqui entra uma das etapas mais importantes, segundo Fernanda, que foi simular as decisões de negócios. Isso permitiu treinar diferentes cenários. Esse processo ela chamou de “Experimentação”.

“A gente precisa treinar para quando acontecer um problema, a gente consiga ter essa habilidade muito mais desenvolvida. Foi bom para fazer a liderança de Produto amadurecer”, explica.

Para medir o resultado da Experimentação foi contratado um profissional para participar de algumas sessões e dar feedback. “Como ele não entendia do nosso negócio, ele fazia as perguntas que a gente não se fazia. Isso foi muito bom”, conta. 

A partir disso adaptaram um modelo Quality KPI  para a realidade do Experimento com três pontos importantes: design do Experimento (hipóteses, insights, resultados), documentação para preenchimento da equipe, entrega de resultados em escala (escalaram o modelo para outros times).

Fernanda afirma que a Experimentação funciona bem e foi positiva para as lideranças e times. Inclusive, virou meta-bônus da empresa, e forçou o time a aumentar a parte de discovery contínuo.

Produto 

O Zé Delivery quer ser mais do que um aplicativo, tanto que hoje tem o Zé Express que são geladeiras colocadas em condomínios que usam QR code para fornecer bebida. Atualmente, estão em 200 condomínios e ajustando o modelo de negócios. 

Onde o Zé pode estar? Esse é o ponto para o que estão olhando e ao mesmo tempo promovendo melhorias no aplicativo e investimento na experiência para comunicar a nova estratégia: não é só um aplicativo. 

“O Zé não é só um aplicativo que vende cerveja. E a gente precisava comunicar isso na experiência. Abrimos categorias, mais informação, programa de pontos”, explica. 

A empresa sempre buscou  entender o que os consumidores estavam pedindo para realizar essas mudanças no aplicativo. E todo o trabalho que o Zé continua realizando é para criar conexão emocional com o consumidor, tornar a marca significante a vida das pessoas e o nível de serviço.  É ir além do momento da cerveja.