Na situação atual do mercado, super competitivo e inovador, onde as usuárias estão cada vez mais exigentes, ter uma visão clara do produto é essencial para o seu sucesso. Mas, um grande desafio para empresas de tecnologia atualmente é garantir que essa visão se transforme em uma entrega de produto bem-sucedida. É aí que entra o conceito de convicção de produto!
A tendência é cada vez menos product managers confiarem nas suas leituras e na sua experiência – o famoso senso de produto. E cada vez mais buscarem mais fundamentação para a tomada de decisão, promovendo alinhamento de todos os atores envolvidos por meio de um plano claro e bem comunicado.
Nesse artigo, divido com vocês um pouco mais desse conceito e como aplicar no seu dia a dia.
O que é exatamente a convicção de produto?
Na ânsia de entregar resultado, muitas empresas trocam bons processos de delimitação de problema, e entendimento da solução, por lançamento de features e “novidade” para a usuária. Ainda que o resultado efetivo disso não seja o que o negócio espera.
Porém, cada vez mais empresas de tecnologia têm se dado conta que dedicar um intervalo de tempo – curto, porém sólido – para entender bem as dores das usuárias. Por isso, idear soluções sem vieses e construir um plano de execução, antecipando riscos e dependências, pode ser a virada de chave para o sucesso de um produto.
A esse processo, e ao resultado dele damos o nome de convicção de produto. Em outras palavras, É a convicção de que o produto ou feature, provavelmente é a solução para um problema real das usuárias e que o time será capaz de executar dentro de um plano bem desenhado e alinhado.
Diferença entre convicção e senso de produto
A convicção de produto não é a mesma coisa que o senso de produto, que é a capacidade de interpretar e predizer o que as usuárias precisam e querem a partir do olhar da pessoa de produto sobre o impacto esperado.
Em vez disso, convicção de produto é sobre ter clareza das oportunidades e apostas, identificando e combatendo possíveis vieses. Somada a uma visão clara do que é possível executar, construindo um processo de delivery bem alinhado e com menos atritos.
Por que convicção de produto é importante?
O primeiro grande ganho da convicção de produto é permitir que os times de produto tomem decisões difíceis com mais confiança. Quando você tem uma convicção sólida em relação à evolução do seu produto, com insights bem documentados, um plano de ação construído em parceria de produto, engenharia e design, e com trade-offs claros, é mais fácil priorizar recursos e tomar decisões ousadas, porque você mitiga riscos e aprofunda a confiança das suas stakeholders no trabalho do time.
Outro grande ganho é o aprofundamento da confiança da empresa com a liderança de produto, criando bases para uma cultura product-led growth. É por isso que grandes companhias têm construído processos de construção de convicção de produto sobre novas ideias, sobrepondo inclusive a interesses de grandes stakeholders.
Independente de a ideia vir de senso de produto, do desejo da stakeholder ou de outra fonte, com um bom processo de construção de convicção, vieses tendem a ser mitigados. Ou seja, ideias vão ser refinadas e a chance de gastar tempo e dinheiro da empresa desenvolvendo uma solução com pouco impacto vai sendo reduzida.
Apesar disso, convicção não é só sobre prevenir grandes erros de produto. Também é sobre um processo claro de alinhamento entre lideranças de produto, engenharia e design. Colocando todos na mesma página sobre a oportunidade e potencial impacto, gerando confiança para o time técnico definidor a estratégia de execução e plano de desenvolvimento.
O aprofundamento da relação do trio de produto, ganho de confiança e momentum com stakeholders, e a influência organizacional do time de produto dentro do negócio são todos grandes benefícios da convicção de produto.
E como desenvolver convicção de produto?
Enfim, desenvolver convicção de produto não é fácil, porque exige maturidade nos processos, clareza de papéis e responsabilidades, foco na usuária e colaboração intensa. Mas existem algumas estratégias que podem ajudar.
- Construa clareza sobre o valor para a usuária: A primeira sugestão é ser constante e frequente com pesquisa e experimentos. Buscando entender profundamente as usuárias e suas necessidades. Isso inclui entrevistas, pesquisas e testes de usabilidade, entre outros métodos, que permitam a priorização da oportunidade que mais entregue valor.
- Mapeie o impacto no negócio: identifique qual o potencial da oportunidade em termos de impacto no seu negócio. Busque correlacionar os KPIs do seu produto com o PnL da empresa e dimensionar as mudanças que você irá perseguir. Para ajudar a tangibilizar para suas stakeholders o porquê da priorização.
- Dimensione o esforço de desenvolvimento: A colaboração entre produto, design e engenharia cria um elo profundo quando oportunidades bem alinhadas se transformam em bons planos de execução, com trade-offs claros e expectativas (alto nível) de entregas.
- Alinhe seus stakeholders: De forma contínua – e não necessariamente nessa ordem – alinhe seus objetivos de longo prazo. As oportunidades mapeadas, os dados que sustentam sua hipótese e o plano proposto de execução com as pessoas interessadas. Nesse sentido, esse é um processo contínuo e incremental, e à medida que você vai tendo mais informações, vai aprofundando sua relação com suas stakeholders.
Conclusão
Por fim, apesar de convicção de produto talvez ser um termo novo para você, tenho certeza que você já executa esse trabalho de forma mais ou menos madura a depender do seu contexto. Porém, dar nome e forma a esse processo pode te ajudar a enxergar de fora quais oportunidades você tem na evolução das suas práticas no desenvolvimento de produtos e na interação com seus pares/stakeholders.
Assim, espero que esse artigo tenha conseguido te ajudar a identificar esse processo, e possíveis oportunidades de ação suas para a construção de uma carreira de produto cada vez mais sólida. Quaisquer feedbacks, fiquem à vontade para compartilhar!