Atualmente muito se fala na gestão de produtos digitais como sendo uma prática mais adequada aos desafios para conduzir as iniciativas corporativas. Não é a primeira e nem será a última vez que o mercado descobre maneiras mais apropriadas para se adequar às demandas.
Para dar contexto, aquilo que hoje se coloca como a gestão de projetos “clássica” foi desenvolvida na indústria naval americana, na década de 60, para a construção de um submarino nuclear. Como sempre, tudo evoluiu e essas práticas foram amplamente difundidas na engenharia civil, até que a engenharia de software abraçou a ideia de forma mais forte, especialmente na década de 90.
É importante dizer que essa gestão de projetos (muito representada pelo Project Management Institute em seus guias) nada mais é que um conjunto de práticas já existentes, que eram testadas, consolidadas e empregadas de uma maneira que permitisse criar uma metodologia que passaria por adequações em vários contextos e negócios diferentes.
Uma evolução, e não uma rejeição
Depois veio a onda dos métodos ágeis, especialmente com a ampla divulgação do Kanban, Scrum e outras que trouxeram, a meu ver, uma evolução na gestão de projetos e não uma substituição. O contexto dessa época buscava resolver problemas que estavam intimamente relacionados à engenharia de software. Não se falavam em produtos digitais como os conhecemos hoje.
Novamente a evolução trouxe novos desafios para os mercados e o exponencial crescimento das plataformas e produtos digitais obrigou, novamente, uma readequação da forma com a qual as iniciativas corporativas eram conduzidas e daí vem o “termo da moda”: Transformação Digital. Dentre outras questões ela trata a Gestão de Produtos Digitais como uma disciplina que engloba diversos conceitos que nos ajudam a ter sucesso nos empreendimentos e lidar com problemas cada vez mais complexos.
Algumas ideias são releituras, algumas são inovações, mas no fundo são sempre formas de pensar em resolução de problemas de forma estruturada e que direcione os desafios atuais.
A evolução nas perguntas de negócio
- Década de 60
Alguns anos de trabalho pela frente para construir algo físico e absurdamente caro – Pergunta: Como não se perder no caminho e seguir rigorosamente um plano?
- Décadas de 80 e 90
Temos alguns meses para resolver os problemas locais e mantermos a competitividade – Pergunta: Como trazer previsibilidade para o desenvolvimento de software?
- Década de 2000
Precisamos ganhar escala e velocidade com a maioria das iniciativas envolvendo tecnologia. Pergunta: Como garantir agilidade e adaptação em um cenário global, de trabalho intelectual e com mudanças frequentes?
- Década de 2010 em diante
Necessidade de escalar as plataformas e produtos digitais com dados em quantidade inimaginável até então, e com 3 semanas para atender demandas dos usuários. Pergunta: Como aprender rápido com ênfase em fazer a coisa certa, mais do que da forma correta?
A gestão de produtos cada vez mais dinâmica
Pode-se perceber uma evolução que acontece em períodos cada vez menores de tempo. O maior impacto nessa evolução não está nas práticas e métodos em si, mas na forma como as empregamos.
Escopo é escopo desde 1960 até o momento atual, e está presente em todas as ferramentas: técnicas, frameworks e processos (por vezes com nomes diferentes). A questão é não se apegar à prática em si, mas especialmente entender como pensar a respeito da pergunta de negócio que precisa ser respondida.
Para fechar e ainda usando o tema Escopo (só para ajudar na referência), pode-se dizer que a disciplina de Gestão de Produtos não “joga fora” tudo o que aprendemos em gestão de projetos e sim coloca uma lupa, um mindset, uma forma de pensar e agir diferente. E o escopo continua lá, sendo entregue!
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