Ao longo dos últimos anos diversos frameworks e ferramentas, que nos ajudam no processo de Product Discovery, foram descobertos e desenvolvidos. Um deles é a famosa Árvore de Oportunidades ou “Opportunity Solution Tree”. Mas por que, com tantas opções de facilitação, muitos times ainda não fazem este processo corretamente?
Teresa Torres, em sua palestra no Productized Conference de 2016, apresentou o conceito. Neste artigo vamos ajudar você a entender como usar essa ferramenta poderosa que pode ajudar a sua empresa a parar de criar produtos que ninguém usa.
O que é a Opportunity Solution Tree (Árvore de Oportunidades)
Para exemplificar da melhor maneira resolvi separar esse artigo nos quatro pedaços da Árvore de Oportunidade:
1. Outcome/Resultado
Vamos começar do começo, para definir Árvore de Oportunidade da maneira correta você precisa ter o seu Outcome bem definido.
Embora pareça óbvio que sempre desenvolvemos produtos baseados em resultados, infelizmente, muitas empresas ainda não trabalham assim. Os times geralmente pensam “nós estamos tentando tornar a experiência do usuário melhor.” Mas como medimos isso? Como saberemos se isso foi alcançado? Isso é um ponto no qual os OKRs ajudam muito! Porque temos um objetivo qualitativo combinado a resultados-chave quantitativos.
PS: Não tem problema se você não usa OKRs nas suas empresas, o importante é ter um objetivo bem definido.
Alguns exemplos de outcome podem ser:
a. Se você estivesse cuidando de um produto de Customer Support, os outcomes poderiam ser:
- Eficiência: custo médio de atendimento por cliente
- Satisfação: CSAT (% de clientes com nota máxima, na pesquisa de satisfação sobre o atendimento)
b. Se você estivesse cuidando de um produto de um Marketplace, os outcomes poderiam ser:
- Aumentar o NPS médio para 9
Geralmente esses outcomes estão associados a um grande objetivo de negócio. Então imagino que aqui seja algo relativamente fácil de fazer caso sua empresa tenha uma estratégia clara.
A partir desse outcome você desdobra para diferentes tipos de oportunidade. Aqui alguns exemplos de oportunidade:
Oportunidade
O próximo passo é esquecido por boa parte dos times de produto e talvez o Job-to-be-done, ou algum outro método de pesquisa de mercado pode ajudar a aprofundar nas oportunidades sobre o que deve ser feito aqui.
Nesta parte da Opportunity Solution Tree, devemos descobrir as oportunidades que vão nos conduzir aos resultados desejados. Temos a mania de tentar encontrar soluções, mas o desafio aqui é realmente pensar em oportunidades em um nível mais macro – antes de pensar nas possíveis soluções.
Dois exemplos de oportunidades, seguindo a mesma linha dos anteriores, podem ser os seguintes:
a. Oportunidades caso você cuidasse de um produto de Customer Support:
- Tempo médio até o atendimento está baixo
- Aumentar a quantidade de atendimentos por atendente
b. Oportunidades caso você trabalhasse em um Marketplace:
- Os usuários acham o checkout confuso
- Os usuários querem buscar por produtos vendidos pela mesma marca
Solução
Após descobrir as oportunidades na árvore de produto, temos que criar hipóteses de soluções que possam entregar os resultados desejados. Você pode até fazer alguma sessão junto com a sua equipe para pensarem nas hipóteses. Não há limite para as ideias; eles podem ser criadas a partir de concorrentes, outros mercados, feedbacks de usuários ou simplesmente ideias pessoais.
Lembrando que devemos sempre encontrar soluções que possam ser mensuradas para que no futuro nós possamos entender se elas atingiram o resultado.
Seguindo com os nossos dois exemplos, poderíamos criar oportunidades assim:
a. Oportunidades caso você trabalhasse em um produto de Customer Support:
- Atendente conseguir abrir em uma única tela até 5 chats
- Alocar tipos de problema similares para o mesmo atendente
b. Oportunidades caso você trabalhasse em um Marketplace:
- Filtros na busca com marcas mais populares
- Recomendar produtos baseado nas marcas que o usuário buscou anteriormente
Com essas informações nós já até poderíamos ter as nossas árvores quase prontas. Elas ficariam assim:
Exemplo do produto de Customer Support:
Exemplo do produto de Marketplace:
Com as seguintes soluções idealizadas, eles agora estão prontos para a etapa final:
Experimentos
Após definir a hipótese de solução, você deve pensar em experimentos pequenos e rápidos que lhe darão insights se essa hipótese é o melhor caminho a ser seguido. Para uma solução você pode rodar vários experimentos até chegar numa conclusão se deve construir a solução completa ou partir para outras hipóteses – lembrando que o experimento é focado em gerar aprendizado para criar fundamentos antes de implementar a solução completa.
a. Possível experimentos para o produto de Customer Support
- Sem mexer na arquitetura atual, criar 5 logins diferentes para o atendente e testar a usabilidade
Neste caso a árvore ficaria assim:
b. Possível experimentos para o Marketplace
- Selecionar as top 5 marcas e criar um filtro. Fazer em formato de A/B com 10% da base
Neste caso, a árvore ficaria assim:
Perguntas frequentes sobre a aplicação da Opportunity Solution Tree
Como a Árvore de Oportunidades se integra com outras metodologias de desenvolvimento de produto, como Agile e Lean Startup?
A Árvore de Oportunidades complementa metodologias ágeis e Lean Startup ao focar na identificação clara de problemas antes de explorar soluções, garantindo que o desenvolvimento do produto esteja alinhado com as necessidades reais dos usuários.
Ela ajuda a estruturar o pensamento e a priorização durante o processo de discovery, facilitando a iteração rápida e a validação de ideias, princípios centrais tanto no Agile quanto no Lean Startup.
Quais são as melhores práticas para priorizar oportunidades dentro da Árvore de Oportunidades, especialmente em ambientes de recursos limitados?
Para priorizar oportunidades dentro da Árvore de Oportunidades, é importante focar na avaliação do impacto potencial e na viabilidade de cada oportunidade.
Considerar quais oportunidades oferecem o maior valor para o cliente e para o negócio com o menor esforço ou custo pode ajudar a otimizar a alocação de recursos limitados. A análise de dados de mercado, feedback de clientes e a colaboração entre equipes são fundamentais para identificar e priorizar eficazmente as oportunidades mais promissoras.
Como adaptar a Árvore de Oportunidades para equipes remotas ou distribuídas geograficamente?
É essencial utilizar ferramentas digitais de colaboração que permitam a participação simultânea e em tempo real de todos os membros da equipe. Isso inclui plataformas de gerenciamento de projetos e ferramentas de desenho colaborativo.
Priorizar a comunicação clara, estabelecer reuniões regulares de alinhamento e criar um ambiente que fomente o engajamento e o compartilhamento de ideias são práticas chave para garantir o sucesso na adaptação da metodologia.
Conclusão
O que achou? Espero que esse artigo tenha ajudado você. Afinal, o que essa estrutura da Árvore de Oportunidades faz é ajudar os times a lembrarem onde precisam chegar. Ela ajuda a colocar todos na mesma página e acaba sendo bem agnóstica em relação a solução. Desta forma, todo o time e outros envolvidos no projeto entenderão qual é o objetivo, as metas e o que vai ser feito para se chegar ao resultado desejado – gerando mais engajamento de todas as partes, deixando claro qual é o caminho que será percorrido.
Ferramentas como Jobs-to-be-done, Design Thinking, Design Sprint, entrevistas, OKRs e outras mais são importantíssimas neste processo e nós recomendamos fortemente que você aprenda sobre cada uma delas para que faça um Discovery mais completo e alcance os resultados desejados no final.
Vale lembrar que o nosso objetivo como pessoas de produto não é escrever boas user stories ou fazer um bom story mapping. O objetivo é entregar resultados para o usuário, que gerem valor para o negócio. Não baseie-se em uma entrevista ou em um ou outro dado que você recolher. Faça uma análise completa. Faça várias entrevistas e estudos, converse com o usuário de maneira recorrente, teste de maneira recorrente. Tome as decisões para o seu produto baseadas em análises profundas sobre as necessidades do usuário e metas da empresa.
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