Regra dos 3%: como criar produtos memoráveis e relevantes
Isabele Reusing

Isabele Reusing

10 minutos de leitura

10 Perguntas e respostas em entrevistas para Analista de Dados

Os desafios fazem parte da rotina de uma equipe de produto. Um deles, senão o principal, é criar soluções que resolvam problemas reais, ao mesmo tempo em que oferecem experiências únicas e memoráveis para quem adquire, mantendo a marca relevante no mercado.

Em busca desse ideal, a regra dos 3% é um conceito fascinante que pode ser aliado para impactar profundamente a forma como criamos produtos digitais. Quer entender o que é essa regra e como ela pode ser aplicada na prática? 

Neste artigo, você verá o significado da regra dos 3%, suas implicações para designers e integrantes de equipes de produto. Confira, também, alguns exemplos práticos de como implementá-la em diferentes contextos. 

O que é a regra dos 3%?

A regra dos 3% é um princípio que sugere que pequenas mudanças incrementais, por menores que sejam, podem ter um impacto significativo na experiência de quem utiliza um produto. 

Seguindo essa ideia, apenas 3% do tempo gasto em um projeto deve ser dedicado à criação de novos recursos ou funcionalidades. Os outros 97% devem ser gastos em melhorias incrementais, otimizações e correções de bugs

Essa abordagem enfatiza a importância de se concentrar em refinar continuamente o produto, em vez de fazer o lançamento recorrente de novos recursos.

A premissa é simples: ao melhorar o produto com pequenos incrementos e de maneira consistente, as equipes tornam-se capazes de aprimorar a usabilidade, as funcionalidades e a satisfação dos clientes. Essa abordagem promove um ciclo de feedback contínuo, permitindo ajustes rápidos e adaptações baseadas em necessidades reais.

Origem do conceito de regra dos 3%

A regra dos 3% não tema uma origem precisa e documentada como um conceito ou termo específico. Ela é derivada de práticas e metodologias amplamente reconhecidas em design, engenharia e gestão de produtos. Conheça as filosofias em que se baseia.

Kaizen

Originário do Japão, o Kaizen é uma filosofia que enfatiza a melhoria contínua por meio de mudanças pequenas e incrementais. Essa abordagem é amplamente utilizada em manufatura, gestão de processos e design de produto.

Iterative Design

O design iterativo é uma prática comum em desenvolvimento de produtos e design de software. Nele, o produto é continuamente refinado e melhorado por meio de ciclos repetitivos de prototipagem, teste, análise e refinamento.

Lean Startup

A metodologia Lean Startup, proposta por Eric Ries no livro “A Startup Enxuta”, incentiva a criação de produtos viáveis mínimos (MVPs). Também, a realização de pequenas melhorias com base no feedback de clientes, para minimizar riscos e aumentar a eficiência do processo de desenvolvimento.

Por que a regra dos 3% é importante?

Como você pode ter notado, o que todas as filosofias citadas acima têm em comum é a valorização da melhoria contínua por meio de pequenos incrementos. Essa abordagem permite que sejam feitos ajustes rápidos e mais precisos na otimização de produtos e processos, já que são baseados em feedbacks constantes.

A seguir, apresentamos alguns fatores que ressaltam a importância da regra dos 3%.

Minimização de riscos

Pequenas mudanças reduzem o risco de falhas significativas. Assim, fica mais fácil identificar e corrigir problemas causados no decorrer desse processo.

Foco no valor para quem utiliza o produto

Ao se concentrar em melhorias incrementais, a equipe pode resolver os problemas mais importantes de usabilidade e entregar valor de forma mais rápida e eficiente. Além disso, essas otimizações garantem que os aspectos do produto sejam constantemente refinados, o que torna a experiência de uso mais agradável.

Redução de custos e tempo

Lançar novidades consome muito tempo e recursos. A regra dos 3% ajuda a equipe a se concentrar em melhorias de baixo custo, que podem ser entregues rapidamente. Além disso, ela também possibilita uma rápida adaptação às mudanças nas demandas de mercado e preferências dos clientes, mantendo o produto relevante e competitivo.

Aprendizado contínuo

A regra dos 3% permite à equipe coletar o feedback de quem já adquiriu e utiliza o produto. Assim, é possível aprender de forma contínua sobre como melhorá-lo. 

Como aplicar a regra dos 3%?

Para aplicar a regra dos 3%, a equipe deve seguir algumas etapas. Veja quais são elas.

  1. Definição das métricas de sucesso: é importante defini-las bem e compartilhá-las com todos. Entre as principais taxas para se acompanhar estão a de conversão, retenção e avaliações de clientes.
  2. Feedback de clientes: só será possível identificar as áreas de melhoria por meio da coleta de feedback contínuo.
  3. Priorizar melhorias: o impacto potencial na experiência de quem utiliza o produto e nas métricas de sucesso deve ser o guia no momento de definir e priorizar as melhorias.
  4. Implementar melhorias: a implementação das melhorias deve ser rápida e interativa, com testagens e aprendizado com o decorrer do tempo.
  5. Acompanhamento dos resultados: a equipe deve medir os resultados das melhorias e ajustar a abordagem conforme as necessidades.

Cases reais de aplicação da regra dos 3% em produtos digitais

A regra dos 3% é bastante útil em diferentes contextos. Confira alguns exemplos.

Gmail

O Gmail, serviço de e-mail do Google, é um exemplo clássico de aplicação da regra dos 3%. Desde seu lançamento, o Google tem feito pequenas e contínuas melhorias na interface, na usabilidade e nas funcionalidades do Gmail. 

Essas mudanças incrementais ajudaram a manter o serviço relevante e eficiente. Elas atenderam às necessidades dos seus clientes, o que fez com que permanecessem fieis ao longo dos anos.

Spotify

Outro exemplo é o Spotify, que, regularmente, lança pequenas atualizações para melhorar a experiência dos seus ouvintes. Isso inclui ajustes na interface, melhorias na recomendação de músicas e novas funcionalidades baseadas nos feedbacks recebidos.

Essas mudanças contribuem para que seus clientes mantenham-se satisfeitos e não migrem para outras plataformas. A comprovação do sucesso dessa estratégia está nos números: os ouvintes ativos do Spotify ultrapassam a casa de 600 milhões mensais, e o número de assinantes cresceu acima das expectativas da própria empresa no segundo trimestre de 2024. 

Slack

O Slack, ferramenta de comunicação para equipes, também adota a regra dos 3%. A empresa lança, regularmente, pequenas melhorias e novas funcionalidades que aprimoram a usabilidade e a eficiência da ferramenta, mantendo-a à frente dos seus concorrentes.

Exemplos práticos para aplicar a regra dos 3% em produtos digitais

Produtos digitais podem ser melhorados por meio dessa regra também. Separamos alguns exemplos para você entender como essa estratégia funciona.

Exemplo 1: otimização de uma página de destino

Ao notar que a taxa de conversão do seu e-commerce está abaixo da média do setor, não é preciso criar uma nova página de destino. É possível aplicar a regra dos 3% e fazer melhorias incrementais na página já existente. 

É possível realizar a aplicação de testes com diferentes layouts, chamadas para ação e imagens. Observe as mudanças na taxa de conversão a partir disso e implemente novas melhorias seguindo o padrão daquilo que funciona melhor.

Exemplo 2: melhoria da experiência em um aplicativo móvel

Imagine que os clientes estão com dificuldades para encontrar os produtos e fazer seus pedidos. A primeira solução pensada pode ser a reformulação ou o lançamento de novos recursos. 

Mas, com a aplicação da regra dos 3% e o foco em melhorar a experiência com o aplicativo, é possível simplificar o fluxo de pedidos. Podemos, por exemplo, adicionar recursos de pesquisa e filtragem, além de outros detalhes que possam contribuir para o aumento da taxa de retenção de clientes sem a necessidade de grandes mudanças. 

Exemplo 3: otimização do funil de vendas

A taxa de conversão do site para o funil de vendas está baixa. Em vez de investir na criação de novos recursos pelo setor, também é possível aplicar a regra dos 3% para otimizar essa etapa. Algumas medidas para isso são: 

  • simplificar o formulário de contato;
  • melhorar a chamada para a ação;
  • adicionar chamadas para ação em diferentes pontos do funil.

Desafios e limitações da regra dos 3%

Embora a regra dos 3% seja uma abordagem poderosa para a melhoria contínua de produtos, existem alguns desafios e limitações que você precisa conhecer. Veja.

Resistência às mudanças

Algumas equipes e organizações podem ser relutantes em adotar uma abordagem mais voltada para as melhorias incrementais.

Falta de cultura de inovação

Se a equipe se concentrar demais em melhorias incrementais, pode perder oportunidades de inovação e criação de novos recursos.

Métricas inadequadas ou insuficientes

Se as métricas de sucesso não estiverem estruturadas e alinhadas com os objetivos do negócio, a equipe pode fazer melhorias sem impacto real no sucesso do produto. 

Vantagens e desvantagens da regra dos 3%

Quando não usar a regra dos 3%?

A regra dos 3% pode ser inadequada para situações que requerem mudanças mais profundas. Por exemplo:

  • grandes reformulações: se um produto precisa de uma revisão completa, melhorias incrementais podem ser insuficientes;
  • tecnologia obsoleta: quando a tecnologia utilizada está desatualizada, pode ser necessário um redesign mais significativo;
  • mudanças estratégicas: quando elas exigem um novo posicionamento ou novos recursos, podem não se beneficiar com pequenas melhorias 

A regra dos 3% é um princípio valioso para designers e profissionais que buscam criar produtos melhores e mais alinhados às necessidades dos seus clientes. Ao focar em melhorias incrementais contínuas, é possível minimizar riscos, promover uma cultura de inovação, além de manter o produto competitivo e relevante.

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