Nos dias 5 e 6 de dezembro, São Paulo sediou o maior evento de produto da América Latina, o Product Camp Brasil. Entre as diversas palestras e painéis, um se destacou: o Open Space trouxe uma discussão valiosa sobre a “Síndrome do Impostor” com a participação de especialistas notáveis, incluindo Fernanda Souza Faria da Rocketlab, Bruna Fragelli da Conta Simples, Guilherme Campbell (Shiba) do Nubank, e Stephanie Kohn, apresentadora do The BRIEFcast – NZN.
Shiba iniciou esclarecendo o que é a síndrome do impostor, destacando que é uma condição, não uma doença. A síndrome manifesta-se quando alguém atribui seu sucesso à sorte ou ajuda externa, sem reconhecer seu próprio mérito. Dados alarmantes indicam que mais de 83% dos profissionais de produtos enfrentam essa síndrome.
A razão principal, segundo os palestrantes, reside no papel central do Product Manager (PM) que toma decisões cruciais, influencia várias áreas e lida com expectativas elevadas de equipes e lideranças. Essa carga de responsabilidade muitas vezes leva à pergunta interna: “Quem sou eu para decidir tudo isso sozinho sobre o produto?”
A rápida evolução da área é outra causa. O campo de produtos muda muito rápido, e os profissionais sentem a pressão de acompanhar todas as tendências, por exemplo, esse ano o Chat GPT e Inteligência Artificial foram os tópicos mais falados.
Shiba compartilhou uma experiência pessoal em 2018, quando, como Head de Produto em uma startup de games, sentiu fortemente a síndrome do impostor. Um colega mencionou o framework “Jobs to be Done,” e Shiba, inicialmente não conhecia e sentiu a culpa de não estar usando e aplicando aquele framework no seu trabalho, porém, anos mais tarde, percebeu que aquele framework não se aplicava ao contexto dos jogos.
A migração de carreira também foi apontada como um fator frequente para a síndrome do impostor. Com a ausência de uma formação específica em produtos, profissionais podem hesitar em confiar em sua intuição e nos dados do seu produto, optando por seguir opiniões externas, mesmo quando estas estão equivocadas.
Fernanda, Head de Estratégia da Rocketlab, compartilhou uma história pessoal de promoção, onde duvidou de sua própria capacidade e chegou a questionar a decisão ao seu líder. Porém, seu líder enfatizou que a promoção era merecida, destacando seus resultados e responsabilidade pelos mesmos.
O painel encerrou com uma mensagem crucial: é preciso descansar para evitar o terrível burnout. No Nubank, líderes sugerem reservar horas específicas do trabalho para estudo e desenvolvimento, sem sacrificar fins de semana ou momentos de lazer.
A importância do descanso foi ressaltada, e a dica final foi criar um mapa de desenvolvimento pessoal, analisar prioridades e estabelecer metas alcançáveis gradualmente. O evento proporcionou não apenas insights profundos sobre a síndrome do impostor, mas também valiosas orientações para o bem-estar e crescimento contínuo no universo dos Product Managers.