Este texto sobre Upstream e Downstream foi publicado originalmente na newsletter Papo de PM.
Upstream e Downstream, o que é?
A maioria de nós, pessoas de Produto atuando diretamente com times de desenvolvimento, está envolvida com metodologias ágeis. Ou seja, Scrum, Kanban e mais uma variedade de metodologias, processos e frameworks que nos ajudam a chegar nos resultados que estamos buscando no que tange ao desenvolvimento de produtos digitais.
Dentro do universo de Produto, existem dois grandes marcos que definem o processo de criação de um produto: o Discovery e o Delivery.
Fazendo uma correlação com esses dois marcos, podemos associar o Upstream ao Discovery, que são etapas que tem como objetivo entender, amadurecer e validar nossas ideias/hipóteses antes de partir para o desenvolvimento em si.
O Downstream estaria associado ao Delivery, uma vez que avaliamos nossas hipóteses e temos um backlog gerado a partir dos processos de Discovery. Nessa etapa, podemos entregar ao time de Engenharia o que eles precisam fazer, desenvolver e entregar, tudo com muita clareza.
Zoom in
Se formos olhar mais profundamente para um time de Produto, vamos notar que o nosso objetivo é ter etapas muito bem definidas, que vão desde a ideação até a entrega final.
Além disso, o mapeamento correto dessas etapas aumenta a visibilidade do trabalho como um todo. Ou seja, expõe gargalos, aponta ociosidades e, principalmente, se o time tem um fluxo saudável e maduro de trabalho.
Na prática
Resolvi usar o Trello para exemplificar como podemos montar um fluxo de trabalho orientado ao produto, tendo como macro visões o Discovery e o Delivery. O mesmo quadro, ou derivações dele, pode ser criado em outras ferramentas (como o Jira, ou mesmo em um quadro físico com post-its).
Explicando nossas raias:
- Backlog: basicamente são demandas ou necessidades não priorizadas. Tudo aquilo que poderemos ou não vir a trabalhar um dia, é o nosso grande banco de ideias do nosso produto;
- Discovery: é aquilo que saiu do backlog e precisa começar a ser estudado, investigado e aprofundado. Até que todo o discovery de produto termine, o card não sai dessa raia;
- Refinamento Negocial: depois de feito o Discovery, vem o momento de escrever a história de usuário de fato. Documentar tudo aquilo que é necessário e importante para que o time de desenvolvimento consiga atuar de fato na demanda;
- Refinamento Técnico: terminou o refinamento negocial? Fez todas as reuniões necessárias e documentou tudo que precisa ser documentado? Então o card vai para a raia de refinamento técnico, onde o time de Engenharia vai dissecar tecnicamente o que precisa ser feito, deixar tudo documentado e apto para ser desenvolvido;
- To do: tudo aquilo que já foi refinado tecnicamente e pode ser enviado para a esteira de desenvolvimento;
- Em desenvolvimento: aqui ficam os cards das atividades que estão sendo desenvolvidas pelo time de engenharia;
- Em teste: aqui ficam os cards das tarefas que foram finalizadas e estão sendo testadas pelo time de QA;
- Publicado: aqui ficam os cards de todas as atividades que foram validadas pelo time de QA e publicadas em produção.
O objetivo é ter um fluxo contínuo, lógico e com o mínimo de impedimento possível entre as etapas. Além disso, queremos dar autonomia para que o próprio time faça a gestão das atividades, controlando o fluxo de trabalho e entrega. Por fim, fazendo uma boa gestão do quadro, conseguimos dar uma visibilidade honesta de tudo que está acontecendo dentro do ciclo de desenvolvimento do produto.
Papéis e responsabilidades
Não é uma regra absoluta, mas, no geral, podemos usar a escala do 80/20 para entender que parte do time de Produto atua nas etapas de Upstream e Downstream.
Lembrando sempre que o nosso trabalho é colaborativo. Assim como podemos trazer o time de Engenharia para participar de dinâmicas de Discovery, o time de Produto pode ajudar nos testes e validações junto com o time de Tech.
Minha sugestão
Todo bom processo só faz sentido se de alguma forma contribui com a sua realidade. Antes de colocar qualquer coisa em prática, converse com todo o time, entenda bem suas dores e necessidades, procure analisar cenários até que, de fato, usar um fluxo de trabalho como esse faça sentido.
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